sábado, 30 de janeiro de 2010

" Oh senhor, Oh senhor tire-me uma fotografia"

Eis uma parte que continua igual á muitos anos no Porto. Isto, que parece ser tradição, os rapazes e raparigas que ainda á pouco saíram do colo da mãe, começam pela rampinha dos barcos, depois para a plataforma ribeirinha e depois a ponte D. Luís I.
Estes são também os protagonistas que não se importam de serem fotografados, até agradecem.

" Oh senhor, Oh senhor tire-me uma fotografia"

A pequenina Bruna pediu-me Para lhe levar a fotografia no dia seguinte, comemorava o seu aniversário no dia seguinte, e queria por a sua fotografia no bolo. Infelizmente não pude lá ir, era dia de trabalho :(










O Sr. António e a Cuca, os meus vizinhos da frente

Confesso... Quando ainda não tinha compreendido verdadeiramente o sentido da fotografia humanista, e deslumbrado com o descobrimento do "Lisboa, cidade triste e Alegre" livro de Victor Palla e Costa Martins, editado nos anos 50, o meu sentido, era fazer um trabalho semelhante ao dos fotógrafos lisboetas. Mas num espaço físico e temporal bem diferente, o Porto do século XXI.

Foi com uma reflexão sobre o Texto de Lúcia Marques presente no Livro "AG PRATA, reflexões periódicas sobre fotografia" que compreendi que é impossível fazer uma trabalho semelhante ao de Victor Palla e Costa Martins.
Eu não sou nem o Costa Martins, nem O Victor Palla, não sou arquitecto, nem designer, O porto não é Lisboa, e em 50 anos muita coisa mudou, principalmente no que toca á relação do Homem com a imagem...

Lúcia Marques no seu texto, coloca um pergunta aparentemente discreta: "Mas que Lisboa é esta, que se dá a ver por Victor Palla e Costa Martins?"
É a Lisboa de Victor Palla e Costa Martins.

Só tenho fixar o Porto Do Hugo Flores, sem procurar signos representativos da cidade.
A cidade que mostro, é a minha cidade

E este é o Senhor António e a sua cadela Cuca, os meus vizinhos da Frente :P


Sr. José

Apetece-me usar o que Carlos Afonso Dias diz no seu Livro, com fotografias de 1954 a 1970.
Ao fotógrafo, cabe fotografar. Escrever, há sempre quem o faça por nós.. e realmente ele teve o Castello-Lopez para dar palavras ás imagens . Como eu não o tenho, é justo que vá denunciando pelas palavras as minhas práticas fotográficas.
...
O meu gosto pela fotografia sobre o Homem esta presente desde que descobri a experiência fotográfica. Mas demorou algum tempo para que isso ganhasse forma, agora a máquina continua a ser um maravilhoso instrumento, que continua a dar-me bastantes alegrias, mas que á uns tempos para traz, mostra-se ser um grande estorvo.
Estas são as primeiras fotografias que resultam de uma abordagem mais directa com quem quero fotografar. Foi o primeiro amigo que a fotografia me deu.
Ao andar pelas ruelas da ribeira, na serenidade da tardinha, aparecia á minha frente uma silhueta que cambaleava. Como é obvio saquei da máquina, e fiz ali uma fotografia. Corri a traz do senhor, e lá com um pouco de coragem, meti conversa, e ainda bem que o fiz. permitiu-me dar á imagem fotográfica um valor significativo bem maior. Era o Sr José, com 85 anos, viveu toda a vida no Porto, trabalhava nos barcos que navegavam no rio Douro. Vive de uma reforma Baixa, que vai chegando para comer e pagar os medicamentos para as dores que tem no joelho, que a idade não deixa operar.